Tertúlia, 500 anos do topónimo "de Poiares"

A Associação Abraçar Milheirós de Poiares deu início, no dia 4 de maio de 2013, a um ciclo de comunicações com interesse para os habitantes desta freguesia. A primeira, intitulada Tertúlia, 500 anos do topónimo "de Poiares", decorreu no Cineteatro S. Miguel e foi orador o professor Manuel Joaquim Conceição.

Entre os presentes destacaram-se Maria Albina Almeida, presidente da Associação Abraçar Milheirós de Poiares, Pe. Fernando Correia Gonçalves, pároco de Milheirós de Poiares, Adriano Martins e Augusto Santos, respetivamente, presidente da Assembleia e presidente da Junta de Freguesia de Milheirós de Poiares.

A apresentação centrou-se no Foral da Feira e Terra de Santa Maria de 1514. O professor Manuel Joaquim começou  por afirmar que não se sabe se este foral terá sido o primeiro ou o segundo e que, se houve anteriores, estes terão desaparecido. O que é certo é que o foral de 1514 contém expressões que remetem para documentos anteriores. Nesse sentido, referiu as Inquirições Afonsinas de 1251. Informou também que existe um exemplar original pertença da Câmara da Feira, arquivado na biblioteca desta cidade.

No desenvolvimento do trabalho, procurou explorar a noção de foral, ou carta de foral, afirmando que desde D. Afonso Henriques se produziram destes documentos reais que designavam como concelhos determinados territórios, sendo seus habitantes munícipes.  Esclareceu neste ponto que outras entidades, senhorios laicos ou religiosos, também podiam conceder cartas de foral. No entanto, nesta exposição interessavam, sobretudo, os forais reais que organizavam os concelhos e as freguesias, estabelecendo, por exemplo, a sua área geográfica e os direitos e deveres dos munícipes. Nestes territórios, exercia o poder em nome do rei o concelho de vizinhos. Em troca o rei concedia-lhes proteção militar. Os concelhos dividiam-se em freguesias e estas em lugares. Normalmente, cada freguesia crescia em torno de uma igreja e desta forma se justifica a etimologia de freguesia: "filii ecclesiae", filhos da igreja.

Depois de apresentar alguns dos factos que fizeram de D. Manuel I "O Venturoso", avançou para a análise do foral em questão, promulgado a 10 de fevereiro de 1514, tal como os das Terras de Ovar e de Cambra, que se divide em quatro partes: direitos da Vila da Feira; normas diversas; foros e pensões que pagavam; direitos de portagem.

Neste momento da sua apresentação, o professor Manuel Joaquim leu e traduziu os excertos do foral que a Milheirós de Poiares diziam respeito, nomeadamente, a Gaiate e a Dentazes. Identificou os vários munícipes e lugares aí referidos bem como os foros que eram obrigados a pagar pelas terras que ocupavam. De seguida, confrontou as informações do foral com outro documento mais recente, Tombo de 1706, o que lhe permitiu localizar de uma forma mais precisa os lugares referidos. Além disso, foi muito interessante verificar a evolução da designação de alguns lugares desta freguesia.

No final da exposição houve tempo ainda para troca de opiniões e perguntas ao orador que a todas respondeu com clareza e simplicidade.